Relatório de Campo

segunda-feira, 9 de junho de 2014

RELATÓRIO DE CAMPO
Anderson R. N. Nobre
Bruno Godoi
Eder R. M. Pozzobon
Guilherme S. Fernochi
Mateus O. V. Canezin
Marcelo Lopes

INTRODUÇÃO

            O presente trabalho visa relatar as visitas técnicas realizadas para Foz do Iguaçu, no Brasil, Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazu, na Argentina. Dentro de cada cidade, foram realizadas visitas a diferentes locais, com diferentes objetivos.
            A primeira, em Ciudad del Este, teve como objetivo analisar as relações sócio-econômicas do local, contatando como se dão essas relações, além de comparar preços com o Brasil.
            Em Foz do Iguaçu, a visita realizada à Itaipu serviu para observar os projetos sociais da Usina. Já na Argentina, na cidade de Puerto Iguazu, a comparação com Ciudad del Este se mostrou inevitável (e importante).

As ações de ocupação da área de foz de Iguaçu

O paranaense Domingos Nascimento apresenta de forma preocupante o abandono existente na região oeste da província e que esta favorecia o corte de madeira e erva mate, suas palavras fizeram efeito e em 1889 foi fundado a colônia militar do Iguaçu sendo uma área de importância estratégica politica e geopolítica.
Com isso o governo estabelece uma forma de controlar o fluxo de mercadoria da região e com isso arrecadando impostos, porem o contrabando de madeira e erva mate era constante, mas auxilio a economia do Paraná.
Porem a colônia não consegue trazer civis para sua localidade devido ao difícil acesso a região então a população inicial desta colônia era em maioria de estrangeiros mas não eram suficientes para atingir o objetivo de criar um centro agrícola e pastoral.
A falta de uma governança efetiva na região favoreceu o aparecimento de estradas improvisadas e estás não eram destinadas para a circulação da população e sim para a retirada de madeira e erava mata que impulsionou a economia local principalmente com a chegada das empresas de colonização e as empresas de corte de madeira.

Integração territorial

Com a politica do estado novo de controle do território teve a necessidade de criação de território federais e com isso a fronteira Guarani envolvida neste contexto, cria-se o território federal do Iguaçu e começa a politica nacional de marcha para o oeste mas esta proposta de um território dentro do estado, sendo que foi apenas em 1943 que temos a criação do território do Iguaçu, isso anos após o decreto nacional para criação destes territórios, mas este  não deu certo dentro do estado paranaense  devido aos conflitos existentes dentro do estado e também do próprio governo estadual não aceitar isso,  com isso este novo território dentro do Paraná não se perpetuou por muito tempo.
Apesar disso um real desenvolvimento só seria alcançado a partir do momento que houve a implementação de aparelhos públicos como escolas hospitais sendo que ainda a principal empresa da região continuava a ser a de corte de madeira. Porem anos depois com declínio da economia madeireira as empresas do ramo fecharam e deu oportunidade para as colônias se desenvolverem pegando os antigos terrenos destas industrias e transformando e pequenas áreas de colônia, isso fez com que houve um maior fluxo de pessoas para a região. 
A verdadeira transformação da região vem a partir do momento em que o governo procurou estabelecer uma integração territorial plena e com isso houve a criação da rodovia BR- 277 juntamente com a ponte da amizade e também a reformulação do porto de Paranaguá  que fez com que houve uma integração entre o porto, por onde entra a mercadoria e a parte interessada que no caso seria o Paraguai, este fluxo de mercadoria impulsionou a economia regional, mas esta seria mais desenvolvida a partir da criação da usina de Itaipu .
                                                                                                                        Crescimento populacional- importância de foz do Iguaçu

Foz do Iguaçu teve um crescimento populacional elevado na década de 70 devido a construção da usina de Itaipu que fez surgir uma forte corrente de migrantes que buscavam emprego na construção, estes possuem pouca escolaridade e baixa condições financeiras.
Devido aos aspectos físicos criados na região a cidade de foz só pode crescer em direção ao oeste com isso houve um planejamento desta área urbana onde deveria seguir três objetivos ordenar o crescimento da cidade, promover uma base econômica durável, e minimizar os impactos da construção da hidrelétrica.
O turismo de compra começou na década de 80 quando e estabelecido uma relação de comercio mais estreito com o Paraguai mas também com a Argentina, entretanto neste período as Cidade del Este e Porto Iguaçu se especializaram em comercio varejista de produtos do dia a dia enquanto foz em materiais de construção, já mostrando nesta época a tendência de cada cidade para seu ramo econômico.
No entanto após o termino da construção da usina de Itaipu toda a mão de obra não especializado foi mandada embora e a cidade de foz não consegui absorver estas, com isso ele migraram para o outro lado da fronteira onde tiveram a oportunidade de abrir seu próprio negocio, isto fez com que o comercio varejista da fronteira brasileira se desenvolve rapidamente.
Com o passar dos anos se desenvolveu alguns tipos de comercio indo dos ilegais aos pequenos empresários, em foz temos a presença dos contrabandistas e atravessadores  que trazem  mercadorias de forma ilegais do Paraguai para o Brasil,  e a presença dos famosos sacoleiros ,que nada  mais é,  de que pequenos empresários que compram mercadorias com um valor mais baixo na fronteiras e levam para sua cidade para revende-las, isso cria uma grande fluxo de comercio na região de fronteira mas também dentro do território.

09/05/2014 – Dia 1
FOZ DO IGUAÇU - PR/CIUDAD DEL ESTE - PY

Na chegada à cidade de Foz do Iguaçu - PR, na manhã do dia 09/05, seguimos viagem direto à Ponte da Amizade, localizada entre as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai), para realizar a travessia, e chegar às terras paraguaias. A travessia da Ponte da Amizade teve de ser feita a pé, na passarela ao lado da via de carros, por conta do intenso movimento do tráfego, que impedia (ou ao menos dificultava) a entrada do ônibus da Universidade Estadual de Londrina.


           Fonte: OKADA K.H. 2012

Chegando ao Paraguai, atravessando o posto da Receita Federal, foi possível observar como funciona o fluxo nas ruas da cidade. A presença de “mesiteros modernos” também pode ser observada. Vale a pena lembrar que
No Paraguai, mesitero é aquele vendedor de rua que trabalha localizado num lugar específico. A denominação deriva do lugar onde coloca suas mercadorias para vender, sua mesita – pequena mesa desmontável feita de madeira. (RABOSSI, 2004, p. 156)
Pode-se denominar de “mesitero moderno”, pois ele não mais utiliza uma simples mesa de madeira para expor sua mercadoria, mas sim um quiosque fechado, onde ele pode também se proteger do vento, do sol e da chuva, além de ser uma estrutura mais fixa do que as mesitas.
Dando uma olhada geral na estrutura física e social das ruas, observamos um “caos”: trânsito desorganizado e “à base da buzina”; presença de “gatos” na fiação elétrica, a fim de roubar energia; ruas e calçadas extremamente esburacadas e sem qualquer manutenção; falta de policiamento adequado (muitos policiais vistos estavam tomando chá mate, completamente alheios aos acontecimentos aos seus arredores); além do comércio ilegal constantemente presente (venda de entorpecentes, armas brancas e de fogo, produtos falsificados, produtos provavelmente furtados, etc.).


Fonte: OKADA K.H. 2012

Além dos mesiteros (que podemos generalizar como os próprios ambulantes, os vendedores de rua), outras estruturas são responsáveis por dinamizar a economia local. É o caso dos modernos Shopping Centers, que vendem uma variedade de produtos importados, desde produtos alimentícios até artigos de esportes, bebidas, roupas, eletrônicos, entre outros.
Houve a oportunidade de visitação a três shoppings de Ciudad del Este: a Casa China, o Monalisa e o Shopping del Este. Nos três locais, foi possível a observação de um determinado padrão de segurança, com seguranças fortemente instruídos (e armados), detectores de etiquetas eletrônicas nas saídas, para coibir tentativas de furtos, além é claro da presença de câmeras de segurança em todos os corredores do shopping e das lojas ali presentes.
Os preços, como já era de se esperar, são mais baixos que os encontrados no Brasil. Porém, devida a alta cotação do dólar no dia em questão (09/05/2014), que estava avaliado em cerca de R$2,21, alguns produtos não se encontravam em preços tão vantajosos em relação aos preços brasileiros (principalmente os eletrônicos). É o caso de alguns eletrônicos, como por exemplo o Iphone 5c. No Brasil, pela internet, é possível achar o aparelho por R$1.750,00. No Shopping del Este, o preço estava R$1.587,00, pouco mais de R$160,00 mais barato, representando uma economia de menos de 10%. O cenário muda, porém, quando comparamos preços de bebidas alcoólicas, como Whiskies importados. O Whiskey Jack Daniel’s (990 ml), no Brasil, nas lojas americanas de Londrina - PR e região estava avaliado em R$99,90. No shopping Monalisa, em Ciudad del Este – PY, o mesmo Whiskey saia pelo preço de U$31,00, aproximadamente R$71,30, saindo quase R$30,00 mais barato do que no Brasil, representando uma economia de cerca de 30%.


PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU
            A visita ao Parque Nacional do Iguaçu possibilitou a observação do contato humano com a natureza, simbolizada com a presença dos quatis no parque. Mas mais do que esse contato da sociedade (representada pelo homem) com a natureza, também é possível outro tipo de análise, tais como a econômica, por exemplo. É incrível a capacidade de adaptação do capital a tudo e todos, e no Parque Nacional do Iguaçu não é diferente. De acordo com Schutzer (2011),
O pensamento capitalista se articula se articula diante dos movimentos ambientalistas, procurando formas de adaptação ao modelo da sociedade técnico-científica e, consequentemente, incorporando como valores sistêmicos os novos anseios sociais (SCHUTZER, 2011, p. 138)
            O capitalista, esperto a essa capacidade de adaptação do capital, consegue então lucrar em qualquer ambiente, apoiando-se na base do turismo e dos recursos naturais. Isso é observável em todo o parque, que explora desde os esportes radicais, até as incontáveis lojas de souvenirs, sem contar nas lanchonetes espalhadas pelo local, sempre a preços exorbitantes.
            Em síntese, o Parque Nacional do Iguaçu consegue ser o reflexo físico da capacidade de adaptação do sistema capitalista de produção que, apoiado nos recursos naturais, e na vontade do turista de conhecer (ou, no caso, consumir) tais recursos, consegue impor sua lógica, e obter assim, consequentemente, uma elevada mais-valia.

Fonte: http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/images/pages/images/cataratas-do-iguacu-mapa-do-parque.jpg Acesso em: 02/06/2014 às 23h45min


10/05/2014 – Dia 2

ITAIPU BINACIONAL
            No segundo dia de viagem, foi realizada uma visita à Itaipu Binacional, a maior Usina Hidroelétrica (em potência) do mundo. Dividida em duas partes, a visita foi antecedida pela exibição de um vídeo institucional, que mostrou um pouco da história da criação da Usina, bem como seus impactos e as medidas mitigadoras para tal.
            Após o vídeo, teve início a visita panorâmica, que teve como objetivo mostrar como a usina funciona, bem como sua estrutura física. Orientados por guias, houve a oportunidade de conhecer também o ecomuseu de Itaipu, onde estão expostos diversos itens, desde objetos muito antigos encontrados em escavações arqueológicas, como vasilhames de cerâmica de habitantes nativos do local há milhares de anos, até objetos dos funcionários responsáveis pela construção da Usina Hidroelétrica de Itaipu. A segunda parte da visita técnica ocorreu durante o período vespertino, e foi no Santuário de Itaipu, um tipo de zoológico para onde foram levados os animais que conseguiram ser resgatados do local onde hoje é o lago artificial, utilizado pela Usina.
Ambas as visitas, serviram para ressaltar o lado social da Usina de Itaipu, mostrando a existência de diversos projetos que foram feitos para tentar prestar auxílio para todos os prejudicados com os enormes impactos da construção da Usina.


PUERTO IGUAZU – ARG
            No anoitecer do dia 10/05, foi seguida viagem até a cidade de Puerto Iguazu, na Argentina, cidade que faz fronteira com Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai. A burocracia para se entrar em Puerto Iguazu é mais severa do que para se entrar em Ciudad del Este: é necessário apresentar-se na Aduana, portando documento original com foto, falar em qual cidade pretende ficar, e por quanto tempo (que não pode, por razões migratórias, ser excedido por 72 horas).
            Outro diferencial para com Ciudad del Este, é com relação ao acesso à cidade em si, que é mais longe. É necessário utilizar um táxi para chegar ao centro e ao comércio, diferentemente de Ciudad del Este, onde assim que se passa a Ponte da Amizade, já é possível observar a movimentação comercial. O primeiro objetivo da visita foi analisar o comércio da “feirinha”.
            A feirinha voltada para turistas, localizada na Rua Brasil, é uma feira a céu aberto, que é muito movimentada, tal como o comércio de Ciudad del Este. Porém, o comércio é voltado integralmente a produtos alimentícios e souvenirs, não havendo venda de eletrônicos ou outros itens de preço mais elevado. Quanto à estrutura física: não havia problemas com a energia elétrica (“gatos”), e as ruas e calçadas, se não eram perfeitas, ao menos apresentavam zelo e manutenção. Não foi possível observar policiamento nas ruas, nem nas lojas, porém o ambiente aparentava ser muito mais seguro do que em Ciudad del Este.


DUTY FREE SHOP
            Após a análise do comércio das ruas de Puerto Iguazu, partimos em direção ao Duty Free Shop, localizado próximo à Aduana (e, portanto, longe da feira da Rua Brasil. Mais uma vez foi necessário o uso de táxi). Ao adentrar no Duty Free, nos deparamos com uma situação semelhante ao dos Shoppings de Ciudad del Este: um padrão elevado de segurança, com câmeras espalhadas por todos os lados, além de uma variedade imensa de produtos, desde eletrônicos até comidas, bebidas, roupas, artigos de pesca e esporte, etc.
            Os preços também eram também semelhantes com as lojas paraguaias nos shoppings, e alguns até mais baratos. É o caso, novamente, do Whiskey Jack Daniel’s (990 ml), que estava custando cerca de R$64,40. Os preços, assim como nos Shoppings de Ciudad del Este, estavam em dólares americanos (U$).
            Um padrão, porém, não pode ser observado em comparação com os Shoppings da cidade paraguaia. No Duty Free argentino, era seguido o padrão “autosservice”, ou seja, “supermercados de produtos onde o comprador passa com seu carrinho, escolhe e pega os produtos por si mesmo. A mercadoria é exposta em prateleiras e os preços são públicos.” (RABOSSI, 2004, p. 167). Dessa maneira, não existe a intermediação com os vendedores, a não ser que o comprador julgue necessário, para sanar dúvidas com relação ao produto. Após escolher, deve-se direcionar a um caixa, de maneira idêntica a como funcionam os supermercados brasileiros.


 CONCLUSÃO
Podemos concluir que as relações sócio-econômicas tanto de Puerto Iguazu quanto de Ciudad del Este se dão, ao mesmo tempo, de maneiras semelhantes e diferentes. Semelhantes à medida que o sistema de segurança (dos shoppings, e não do comércio das ruas, vale ressaltar) é igual, bem como os preços também se assemelham, juntamente com a semelhança na variedade de produtos ofertados. O único aspecto que diferenciou o Shopping Monalisa, Shopping del Este e Casa China, ambos do Paraguai, do Duty Free Shop, na Argentina, é que o autosservice (onde o comprador pega o produto por si só) é praticado somente no shopping argentino.
Com relação à diferença, citamos aqui o comércio nas ruas de cada cidade. Ciudad del Este se mostrou um caos total, com uma infraestrutura precária, policiamento pouco efetivo, e problemas na própria estrutura física do local. Já nas ruas de Puerto Iguazu, os problemas existem, mas são menores, e é nítido observar como os próprios moradores têm mais cuidado com o local onde trabalham e vivem.
Os preços de ambos os locais, servem para demonstrar a realidade dos impostos brasileiros, que são demasiadamente altos, e encarecem muito o valor de alguns produtos, principalmente os importados. A diferença de 30% no preço de um Whiskey é gritante, ainda mais por se tratar de países que são vizinhos.
Conseguimos perceber também o quão adaptável o capital consegue ser, no exemplo do Parque Nacional do Iguaçu, que oferece a altos preços, os mais variados produtos, vencendo as barreiras impostas pela natureza e instalando lojas e restaurantes em locais inusitados.


REFERÊNCIAS
RABOSSI, Fernando. Dimensões da Espacialização das trocas – a propósito de mesiteros e Sacoleiros em Ciudad del Este. Revista do Centro de Educação e Letras da Unioeste – Campus de Foz do Iguaçu, v.6 p.151-176, 2004.
SCHUTZER, Herbert. A capacidade de adaptação do Capitalismo e o Imperativo de uma Ética Ambiental: um Estudo de Geografia Política e Meio Ambiente. Revista de Geopolítica, Natal – RN, v. 2, n° 2, p.125-140, jul./dez. 2011.










0 comentários:

Postar um comentário

Powered By Blogger