CADERNETA DE CAMPO ARGENTINA-BRASIL-PARAGUAI

domingo, 15 de junho de 2014

CADERNETA DE CAMPO ARGENTINA-BRASIL-PARAGUAI

 Caio Cesar Pereira
Cristian Santos
Henrique Silva
Michel Neves
Paulo Palhari
Rafaela Martins


INTRODUÇÃO


O presente trabalho foi elaborado a partir de um trabalho de campo realizado nos dias 9, 10 e 11, pelos estudantes do 4ºano do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná com destino à Foz do Iguaçu-PR, cidade esta que fica na fronteira de dois outros países com duas outras cidades próximas, cuja uma delas pode ser considerada cidade irmã da supracitada, são elas: Ciudad Del Leste - PRY e Puerto Iguaçu -Missiones- ARG. O objetivo foi estudar a Tríplice Fronteira, a diferenciação na organização das três cidades e ascpectos ambientais relacionados.




Ciudad Del Leste



Ciudad del Leste é a segunda maior cidade do Paraguai em termos demográficos e econômicos, é também um distrito e foi considerada uma das principais cidades comerciais da América Latina e do mundo.
Fundada em 1957 numa região do Paraguai ocupada principalmente por grandes latifúndios e escassamente povoada, Ciudad del Leste nasceu com o nome de Puerto Presidente Stroessner em homenagem ao presidente que tinha assumido três anos antes e que ficaria ainda por mais 32 anos no poder. Foi fundada para receber a rodovia que estava sendo construída pelos governos brasileiro e paraguaio e que ligaria a região central do país com a consta brasileira, rodovia que fazia parte de um plano mais amplo que havia começado a partir da visita de Getúlio Vargas ao Paraguai em 1941.
Junto as primeiras casas comerciais apareceram os primeiros vendedores de rua e outras pessoas que começaram a ganhar sua vida na infra-estrutura do movimento que começou a crescer desde então.
A construção da hidrelétrica de Itaipu (1974-1984) produziu uma profunda transformação demográfica e infra-estrutural.
A redução de impostos para importação de produtos do Brasil e da Argentina, a entrada em vigência do Mercosul e as diversas políticas cambiais reduziram as vantagens que gozavam tanto Ciudad del Leste como Foz do Iguaçu, produzindo decrécimo da atividade comercial na região.
No Paraguai, mesitero é aquele vendedor de rua que trabalha localizado num lugar específico. A denominação deriva do lugar onde coloca suas mercadorias para vender, sua meseta. Na verdade, contudo, mesiteros tinham deixado de trabalhar nas mesitas e instalaram estruturas fixas na rua, as cajuas: caixas metálicas cravadas na rua onde guardam a mercadoria durante a noite e utilizam-na como suporte para exibição durante o dia.
A produção de associações decorrentes dos processos de reconhecimento e negociação de novas categorias laborais foi uma constante nos dprocessos de legitimação de todas as categorias emergentes em Ciudad del Leste, sejam cambistas, mesiteros, mototaxistas, passeros ou ambulantes. A aceitação de cada categoria supôs a formação de associações que passaram a representa-la frente às autoridades, ocupando um papel fundamental na regulamentação do trabalho e na regulação concreta do funcionamento do trabalho.
Ciudad del Leste passou a ser um lugar de compras para milhares de pessoas que, a partir da segunda metade da década de 1980, começaram a ganhar sua vida através da compra-venda das mercadorias lá ofertadas. Os camelôs e as “feiras paraguaias” das cidades brasileiras são as imagens mais associadas com este comércio. Contudo, esse comércio não esteve restrito aos círculos de trocas dos setores populares, sendo o lugar de provisão de certos produtos específicos que se distribuem nas mais amplas gamas de comércios e circuitos de consumo.
Imagem 1: Ciudad Del Leste.
Fonte: Pereira,C.C 2014.

Ao descer do ônibus que nos deixou próximo à Ponte da Amizade, o primeiro aspecto, que chegou a ser gritante, foi a quantidade de veículos à espera para atravessar a fronteira com o Paraguai, e uma poluição visual causada pelo excesso de outdoors com anúncios de lojas de Ciudad del Leste. Ao observar em conjunto a paisagem contendo as duas cidades (Ciudad del Leste e Foz do Iguaçu) pode-se perceber que existe uma diferença na “estrutura” e distribuição dos edifícios. Em Ciudad del Leste os edifícios pareciam mais aglomerados. Saindo da aduana brasileira  rumo ao Paraguai, nada foi nos perguntado nem questionado, assim como ao adentrar a aduana paraguaia.
Um dos objetivos deste trabalho foi a verificação dos preços de determinados produtos importados nos diferentes shoppings de Ciudad del Leste e os respectivos preços no Brasil.
Em relação aos produtos de marcas mais sofisticadas, puderam ser encontrados nas grandes magazines e shoppings (Monalisa e Casa China) produtos genuinamente originais. Isto dito devido à grande fama que têm os produtos “do Paraguai”, notoriedade esta atribuída aos “picaretas” que tentam nos passa a perna, encontrados facilmente nas ruas de lá.
Dentre os produtos ofertados, foi escolhido um perfume da marca Carolina Herera 212 VIP Rosé entre as duas lojas variou U$5 enquanto que no Brasil o produto pode custar até R$100 mais caro. É claro que isto se deve à impostos diferenciados nos dois países.
O comércio na rua se mostrou bastante negociável. Uma das experiências que comprovam este fato e pode servir como exemplo foi a venda de meias pelos ambulantes: um dos integrantes do grupo comprou 5 pares de meias por R$10, num outro momento outro integrante comprou 7 pares pelo mesmo preço, num terceiro momento, outro integrante comprou 11 pares de meias por R$10. Estas ofertas diferenciadas por parte dos ambulantes ocorreu pela falta de interesse por parte compradores pelas meias. Pôde-se observar que a qualidade das meias não era a das melhores, assim como observado na maioria dos produtos encontrados na rua e barraquinhas.
Também foi observado que itens como bebidas e artigos eletrônicos não tem um preço melhor não grandes magazines e shoppings, mais sim em lojas especializadas como a Mega Eletrônicos e a Macedônia (perfumes e bebidas). Porém é necessário se atentar para a genuinidade dos produtos. A melhor forma de não ser enganado é pesquisar com pessoas que vão frequentemente para lá.

Foi perceptível a falta (ou a presença desordenada) de uma infra-estrutura em Ciudad del Leste.
A paisagem, desde a saída de Foz do Iguaçu se mostrou bastante poluída (prédios, outdoors, fios e ar condicionados). Notou-se pouca cobertura vegetal e alta impermeabilização do solo.



Dutyfree E Puerto Iguazú – Missiones - Argentina


Primeiramente fomos visitar o Dutyfree que fica logo antes da aduana argentina.
O shopping é bem grande e estava em reforma para ampliação, a estrutura e decoração são sofisticadas, e as pessoas que lá freqüentavam aparentavam ser de poder aquisitivo elevado. Era um local agradável de se estar, mesmo estando em reforma e tinha uma excelente organização.
Os preços não eram melhores que os encontrados nos shoppings de Ciudad del Leste e nem muito mais caros, o dólar lá estava cotado a R$ 2,40.
Não tivemos a oportunidade de tomar nota dos preços lá praticados, pois ao entrar lacramos os nossos pertences em malotes, que carregamos lacrados até a saída.
Saímos do Dutyfree e fomos à pé até a cidade de Puerto Iguazú. Passamos pela imigração, onde fomos tratados com sorrisos, e seguimos. No caminho à cidade passamos pelo cassino Grand Iguazú.
A infra-estrutura de Puerto Iguazú é bem diferente que Ciudad del Leste em todos os aspectos: trânsito, rigorosidade na fronteira, estrutura das ruas (semáforos, faixas, sinalização), etc.Até mesmo pela função que cada uma delas exerce. Enquanto se percebe que Ciudad del Leste é quase que completamente comercial, Puerto Iguazú é uma cidade para “se viver”, não oferencendo uma atividade específica a turistas de não a da própria cidade e o parque das cataratas do lado argentino.
No dia da visita estava acontecendo um encontro internacional de clubes de motociclistas, com brasileiros de todas as partes do país e de outros países da América Latina.


Parque Nacional do Iguaçu


O Parque Nacional argentino foi criado em 1934 e o Parque Nacional brasileiro, inaugurado no dia 10 de janeiro de 1939,afim de administrar e proteger o manancial de água e o conjunto do meio ambiente ao seu redor. Os parques tanto brasileiro como argentino passaram a ser considerados Patrimônios da Humanidade em 1984 e 1986, respectivamente. É considerada uma Unidade de Conservação  e está situado na região Extremo Oeste Paranaense, a 17 km do centro da cidade de Foz do Iguaçu.
              Na tarde ensolarada em que visitamos o local pode-se observar um ambiente muito agradável contemplado por muita área verde (remanescente da floresta atlântica), que abrigam muitas espécies de animais e plantas, um exemplo disso são os quatis que são considerados um dos símbolos do Parque, eles são presença constante entre os visitantes. 
            O rio Iguaçu é quem banha as cataratas, considerada uma das sete maravilhas do mundo que conta com 275 cachoeiras ao longo de 2,7 km do rio Iguaçu. No dia da visita a vazão do rio estava normal, possibilitando uma ótima visão de qualquer parte do parque. O parque é muito bem estruturado para atender os turistas, proporcionando um melhor contato do homem com a natureza, conta com pouca área impermeabilizada, ônibus elétrico e panorâmico, trilhas bem distribuídas, guias turísticos, lojas com produtos do parque, lixeiras em todo o canto e ótima organização com variadas opções de passeios pagos (vôos panorâmicos de helicóptero, arvorismo, rapel, passeio de barco com destino a Garganta do Diabo.
            O instituto Chico Mendes desempenha papel fundamental na conservação do parque cumprindo a parte que lhe cabe na legislação ambiental, visto que exploram a área para desenvolver o turismo servindo de exemplo para a sociedade, harmonizando os recursos naturais as necessidades humanas causando poucos danos ao meio.






Imagem 2- Parque Nacional do Iguaçu, ao fundo passeio de barco.
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Fonte: Pereira,C.C 2014.



Itaipu Binacional

A Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional foi construída no período de 1975-1982, e se localiza no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai,14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai,e abastecida pelas águas do rio Paraná.
            Logo pela manhã em visita a Itaipu Binacional nos deparamos com uma visão marcante e que impressiona qualquer visitante, o tamanho da construção e suas instalações ao redor, o que significou um marco para a época, correspondido pelo seu potencial de geração de energia no mundo e isso graças a grandeza do rio Paraná.
O  potencial energético brasileiro aumentou em muito com o funcionamento de Itaipu que fornece energia para o sudeste brasileiro, sendo distribuído pelas linhas de transmissão de furnas.
Um dos principais impactos ocasionados pela Usina de Itaipu é o alagamento de imensas áreas para a formação do lago e também a alteração do leito do rio. Além de mudar de forma irreversível a paisagem, acabou destruindo riquezas naturais como no desaparecimento das sete quedas no município de Guairá.
Percorremos de ônibus o entorno da usina de onde foi possível através dos diversos pontos, com variados ângulos para visualização, perceber a grandiosidade da obra de Itaipu, tendo uma noção da quantidade de concreto utilizado na obra(figura 2). O tamanho do lago também era impactante, mesmo que no dia da visita não estava no período de cheia e os vertedouros fechados.
Mesmo que impactante esse tipo de energia é responsável por 70% de nossa matriz energética. Itaipu financia programas sociais e ambientais que são requisitos exigidos de acordo com leis ambientais e movimentos em favor ao meio ambiente, na tentativa de mitigar os danos e impactos gerados pela instalação da usina naquele local e por suas ações desde então.
Imagem 3- Usina de Itaipu
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Fonte: Pereira,C.C 2014.


Ecomuseu

Na chegada recebemos as orientações sobre como se comportar nas dependências do museu, uma vez que os objetos que o compõem são frágeis e antigas.
O Ecomuseu retrata parte da história da construção de Itaipu e suas fases, nele são guardados os registros de construção encontrados nas escavações, tipos de animais recolhidos e ainda maquetes didáticas, de conservação, uso e ocupação do solo. O museu é interativo, sendo composto por exposições onde é mostrado desde a fase de ocupação para a construção da Usina até os projetos de conservação ambiental.  Dentro desse roteiro estão atrações como os espaços temáticos de água e energia.
Na parte externa do Ecomuseu encontra-se algumas instalações como uma roda d’água, moenda com cilindro de pedra, carro de boi,espécies de plantas e vegetais da região.

Imagem 4- Maquete do Ecomuseu
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Fonte: Pereira,C.C 2014.

Faz parte do complexo turístico de Itaipu esta inserido dentro das instalações do mesmo,e esta bem estruturado para receber visitas,contando com um enorme arsenal histórico que ajuda na reconstrução de sua origem.

Refúgio Biológico Bela Vista

Este refúgio imenso é localizado nos arredores da usina de Itaipu, dentro de seu complexo turístico. Destinado ao auxilio, recuperação e se possível uma reinserção dos animais ali existentes na natureza.
             Acompanhados por um guia, percorremos o caminho ate o refugio em uma carretinha, observamos o corredor de piracema criado pela Itaipu, algumas casas que foram construídas para operários em obras na época da construção da usina e nesse percurso foi presenciado uma imensa área de vegetação remanescente. O inicio da visita foi por meio de uma trilha que na medida em que caminhávamos era possível visitar o recanto de cada animal (tamanduás, quatis, araras, corujas, jabutis, cobras, jacarés, antas, cachorro do mato, ariranha, onça pintada, aves de diversos portes, etc.). Todos esses animais bem amparados pelo refúgio que conta com um excelente hospital veterinário que é referencia no Paraná, entretanto como destacou o nosso guia, com poucas chances de sobreviverem na natureza sozinhos. Dentre esses animais muitos foram abandonados e outros recolhidos da região.
Ao fundo desse refugio, observamos parte do lago formado com a construção de Itaipu, que por sinal atingiu sua cheia em 14 dias e não em 90 dias como era o previsto. Nesse lago pode-se notar uma infinidade de galhos secos, possivelmente do topo das arvores inundadas, representando assim uma escala de como foi a devastação da área com o aumento do volume das águas.
  Atualmente diversas políticas são efetivadas para minimizar os impactos causados, um fato que merece destaque e apoio visando o progresso que a energia traz a milhares de famílias brasileiras e paraguaias.
Imagem 5 – Acomodações internas do refúgio
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Fonte:Pereira,C.C 2014.




ANDERSEN, Sigrid. Dificuldades da Gestão Ambiental em Áreas de Fronteira: Investigando a Origem dos Conflitos. Associação nacional de pós-graduação e pesquisa em ambiente e sociedade. 2008.

GOMES, Cristiane. Legislação ambiental do Mercosul e gestão de recursos hídricos na tríplice fronteira. Curitiba, 2008. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação Geografia – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

MARTINS, Rafaela. Caderneta de Campo. 2014.

NEVES, Michel. Caderneta de Campo. 2014.

PALHARI, Paulo. Caderneta de Campo. 2014.

PEREIRA, Caio. Caderneta de Campo. 2014.

RABOSSI, Fernando. Árabes e muçulmanos em Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este: notas para uma re-interpretação. In: SEYFERTH, Giralda. et al.Mundos em
movimentos: ensaios sobre migrações. Santa Maria: Ed. UFSM, 2007. p. 287 – 308.

RABOSSI, Fernando. Dimensões da espacialização das trocas – A propósito de mesiteros E sacoleiros em Ciudad Del Este. Revista do centro de educação e letras da Unioeste - Campus de Foz do Iguaçu. v. 6 p. 151-176 2004.

SANTOS, Cristian. Caderneta de Campo. 2014.


SILVA, Henrique. Caderneta de Campo. 2014.

1 comentários:

Márcia disse...

Rafaela e demais colegas do grupo. Por favor façam upload das fotos.

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