BRASIL, PARAGUAI E ARGENTINA: A TRIPLICE FRONTEIRA.

terça-feira, 10 de junho de 2014



Trabalho de campo
  
 Adriana Sanches
Débora Ferreira
Driely Lima
Noemi Carvalho


1      INTRODUÇÃO

O presente trabalho fala sobre a viagem que foi realizada para a região da Tríplice Fronteira: Foz do Iguaçu – Brasil, Ciudad Del Este – Paraguai e Porto Iguazu – Argentina nos dias 08, 09, 10 e 11 de Maio de 2014, desenvolvida como parte prática das disciplinas Geografia do Brasil e Recursos Naturais e Educação Ambiental, ministradas pelos professores Márcia Siqueira Carvalho e Carlos Alberto Hirata, respectivamente, através do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Às 23:30 do dia 08 de Maio, iniciamos a viagem do estacionamento do CCE, nós os alunos do 4º ano de Geografia Noturno, juntamente com o pessoal do Matutino e o pessoal do PARFOR.
O objetivo deste campo foi observar e analisar as relações que ocorrem nas áreas da fronteira, quais são as atividades desenvolvidas, o comércio, a segurança, seus aspectos culturais, a organização espacial de cada cidade, como funciona o turismo em cada cidade, quais são seus impactos e como são suas fronteiras.

Triplice Fronteira. Fonte: Segurança Nacional, 2011.


2  FOZ DO IGUAÇU: CIDADE REDE SUL AMERICANA
Antônio Marcos Roseira

A cidade surgiu como colônia militar no século XIX, a região da bacia da prata sempre teve tensões referentes a conflitos de força política, econômica e supremacia territorial destacando os conflitos Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo que o Oeste paranaense sempre esteve em meio às disputas. O seu crescimento e desenvolvimento foram decorridos de políticas do governo federal dizer respeito todo o oeste paranaense.
As ações de ocupação da área de foz de Iguaçu se apresenta de forma preocupante, o abandono existente na região oeste da província e está favorecia o corte de madeira e erva mate, em 1889 foi fundada a colônia militar do Iguaçu sendo uma área de importância estratégica política e geopolítica. Com isso o governo estabelece uma forma de controlar o fluxo de mercadoria da região, arrecadando impostos, porem o contrabando de madeira e erva mate era constante, mas auxiliou a economia do Paraná.
A colônia não consegue trazer civis para sua localidade devido ao difícil acesso a região, então a população inicial desta colônia era em maioria de estrangeiros, mas não eram suficientes para atingir o objetivo de criar um centro agrícola e pastoral. A falta de uma governança efetiva na região favoreceu o aparecimento de estradas improvisadas e estás não eram destinadas para a circulação da população e sim para a retirada de madeira e erva mate que impulsionou a economia local principalmente com a chegada das empresas de colonização e as empresas de corte de madeira.
Com a política do estado novo de controle do território, teve a necessidade de criação de território federal e com isso, a fronteira Guarani envolvida neste contexto, cria-se o território federal do Iguaçu e começa a política nacional de marcha para o oeste, mas esta proposta de um território dentro do estado, sendo que foi apenas em 1943 que temos a criação do território do Iguaçu, isso anos após o decreto nacional para criação destes territórios, mas este não deu certo dentro do estado paranaense, devido aos conflitos existentes dentro do estado e também do próprio governo estadual não aceitar isso, com isso este novo território dentro do Paraná não se perpetuou por muito tempo.
Apesar disso um real desenvolvimento só seria alcançado a partir do momento que houve a implementação de aparelhos públicos como: escolas, hospitais, sendo que ainda a principal empresa da região continuava a ser a de corte de madeira. Anos depois com declínio da economia madeireira as empresas do ramo fecharam e deu oportunidade para as colônias se desenvolverem pegando os antigos terrenos destas indústrias e transformando e pequenas áreas de colônia, isso fez com que houve um maior fluxo de pessoas para a região. 
A verdadeira transformação da região vem a partir do momento em que o governo procurou estabelecer uma integração territorial plena e com isso houve a criação da rodovia BR- 277 juntamente com a ponte da amizade e também a reformulação do porto de Paranaguá, que fez com que houve uma integração entre o porto, por onde entra à mercadoria e a parte interessada que no caso seria o Paraguai, este fluxo de mercadoria impulsionou a economia regional, mas esta seria mais desenvolvida a partir da criação da usina de Itaipu .
O turismo de compra começou na década de 80 quando e estabelecido uma relação de comercio mais estreito com o Paraguai, mas também com a Argentina, entretanto neste período as Cidades Del Este e Porto Iguaçu se especializaram em comercio varejista de produtos do dia a dia enquanto Foz em materiais de construção, já mostrando nesta época a tendência de cada cidade para seu ramo econômico.
Foz do Iguaçu, que junto a cidade Del Este (Paraguai) e Puerto Iguazu (Argentina) forma uma espécie de metrópole tri-nacional, sempre foi foco privilegiado de interesses geopolíticos. A construção BR-277, da ponte internacional da Amizade e da Usina Hidrelétrica de Itaipu revela o valor da Tríplice Fronteira e de Foz do Iguaçu na relação entre os países do cone Sul. Por meio da concentração de atividades turísticas e das práticas de comércio ilegal junto a Cidade Del Este, a cidade se coloca numa condição única dentro de um cenário de integração regional do Mercosul.

3     CIDADE DEL ESTE

Fundada em 03 de fevereiro de 1957, situada no extremo leste do Paraguai, com temperatura média de 21°, sendo está à região que apresenta o maior índice pluviométrico do país.
Um fato que caracteriza a história da cidade e do país é a guerra da tríplice fronteira.

A própria guerra da Tríplice Aliança marca um antes e um depois na maneira de conceber o país, sendo que, anteriormente à guerra a nação paraguaia era uma das nações mais avançadas do continente, com ampla educação para toda a população e como uma economia bem definida. Após a guerra, a maioria da população masculina foi dizimada devido à aliança formada entre Brasil, Argentina e Grã-Bretanha. A nação paraguaia então assumiu a fisionomia da pobreza e subdesenvolvimento. No entanto, os próprios habitantes da cidade têm a consciência que o subdesenvolvimento do país não pode ser atribuído somente às questões da guerra (MONTENEGRO; BÉLIVEAU, 2006).


Atualmente com cerca de 222 mil habitantes Cidade Del Este é a segunda maior cidade do país em demografia, e responsável por metade do PIB paraguaio. A economia esta baseada no agronegócio, a  venda de energia elétrica através da construção em parceria com o Brasil da Hidrelétrica Binacional de Itaipu, onde gerou uma intensa urbanização da cidade, além da construção da Ponte da Amizade que possibilitaram o desenvolvimento do setor de comércio, sendo caracterizado como a terceira maior zona franca do mundo, seus maiores compradores são brasileiros.
Os comerciantes ali presentes são de diversas nacionalidades como os próprios paraguaios que representam a maioria, mas também orientais, brasileiros e os árabes, este último representou um importante papel na fronteira. Este setor comercial possui a prática de sacoleiros vindos de diversas regiões e meseteiros que eram ambulantes que durante o dia expunham seus produtos em mesas em calçadas e no final do dia o recolhiam, fazendo isto repetidamente todos os dias. Com o passar do tempo estes meseteiros adquiriram espécie de caixas onde de dia colocavam seus produtos expostos e durante as noites guardam dentro destas caixas fixas e trancadas.
            Outro fato importante a se destacar a respeito da região a violência, os índices de abusos sexuais são altos além de haver tráfico de pessoas. Isto está caracterizado devido a pobreza, o uso de drogas, a baixa escolaridade e ainda a cultura patriarcal ainda existente na localidade.
            Durante o trabalho de campo tivemos a oportunidade de visitar a cidade, onde podemos verificar que a ponte da Amizade é estreita para a passagem de pedestres, não tendo proteção em toda a extensão da ponte.

 Ponte da Amizade. Fonte: Noemi Carvalho

A passagem do Brasil para o Paraguai não exige nenhuma identificação. Não é possível encontrar lixeiras com facilidade, as ruas são largas, porém o trânsito é caótico, possui calçadas, que são ocupadas por vendedores ambulantes, ainda é possível encontrar alguns policiais pelas ruas. Com lojas de inúmeros ramos, que oferecem uma gama de marcas e preços diversificado, agradando a inúmeros gostos e bolsos. Como o local possui inúmeros shopping e padrões diferentes, estes pontos foram escolhidos para análise, Shopping Monalisa, Shopping China e Shopping Del Este.
            O shopping Monalisa apresenta uma estrutura física ótima, com vários andares, escadas rolantes, A segurança do local é bem reforçada, os produtos são bem divididos por setores, com uma diversidade grande de produtos (vinhos, eletrônicos, perfumaria, produtos de beleza, jóias, roupas, doces) e marcas, porém sempre apresentando marcas de boa qualidade e famosas, sendo os valores dos produtos elevados, ainda é possível degustar e testar seus produtos, com o auxilio dos vendedores que representam um número alto.
No ultimo andar existe um restaurante sofisticado, com uma vista panorâmica da cidade.

Shopping Monalisa, vista panorâmica. Fonte: Noemi Carvalho

O shopping China apresenta uma estrutura de dois andares, o primeiro andar possui diversos artigos (produtos para casa, decoração, bebidas, cosméticos, perfumes, roupas) no piso subterrâneo encontramos artigos esportivos. Possuindo apenas um segurança na porta, o shopping possuía inúmeras vendedoras, porém o atendimento deixou a desejar, quando comparado ao shopping Monalisa a sua variedade de produtos é inferior, porém os preços são mais acessíveis.
            Em ultima estância o Shopping Del Este, o local possui três andares, onde no primeiro andar encontramos as lojas de diversos setores (bebidas, cosméticos, perfumaria, roupas, decoração), no segundo andar pode ser encontrar um cassino, com diversas máquinas caça-níqueis. No ultimo andar se tem a praça de alimentação, como uma diversidade razoável de alimentos. Com um grande número de atendentes. Em relação ao número de seguranças é considerável, quando comparado aos outros shoppings visitados apresenta preços agradáveis e distintos.

4      PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

No dia 09 de maio no período vespertino fomos ao Parque Nacional do Iguaçú, que se situa a poucos quilômetros do centro da cidade de Foz do Iguaçu-PR e faz fronteira com o Parque Nacional do Iguazú, localizado na província de Missiones, Argentina. O parque foi criado através do Decreto de lei número 1.035, de 10 de janeiro de 1939, firmado pelo então presidente, Getúlio Vargas; o parque vizinho existia desde 1934, diferença de cinco anos, que demonstra como as legislações ambientais referentes as unidades de conservação se diferem, não apenas em datas, mas também em relação a gestão do território, pois o parque visitado e o vizinho são divididos pelo rio Iguaçu, afluente do Paraná (da bacia Paraná), ou seja o uso do recurso hídrico é compartilhado pelos dois países e conforme Gomes (2008) no bloco do Mercado Comum do Cone Sul a questão ambiental pode ser considerada um dos maiores desafios do pois, apesar dos diversos acordos comerciais integrados, poucas são as ações em conjunto dos países-membros em relação ao meio ambiente, pois não existe uma 'harmonia' nas legislações ambientais dos respectivos países.
Além dessa questão (da legislação ambiental), podemos destacar outro aspecto nessa fronteira natural, referente a geopolítica, cujo o fundamento da questão é a segurança nacional; na concepção geopolítica brasileira, desenvolvida principalmente nos círculos militares (que influenciou e influencia a organização desse território), a fronteira é concebida como fronteira viva, um organismo vivo, ou seja, deve ser povoada com circuitos demográficos e econômicos para fortalecer a posse territorial e […] “a criação de parques nacionais ou qualquer outra categoria de área verde legalmente protegida em zonas de fronteira sempre foi considerada pelos militares brasileiros como uma “aventura extremamente perigosa” (Correia apud Andersen, 2008). Assim essa área (assim como em outras,  exemplo, a reserva Raposa do Sol) é concebida na geopolítica dominante como um risco a segurança nacional brasileira, já do outro lado da fronteira, o parque Argentino acaba se constituindo em uma defesa natural contra possíveis invasores; Se o Parque Nacional do Iguaçú tem essa característica (de fragilidade a segurança), a Usina de Itaipu que falaremos adiante tem um caráter totalmente inverso, ela é ofensiva.

Cataratas do Iguaçu. Fonte: Noemi Carvalho

Na visita ao parque podemos observar na paisagem a magnitude da beleza natural, considerado pela UNESCO desde 1986 como Sítio do Patrimônio Mundial Natural, rico em belas paisagens, composta pela biodiversidade da fauna e flora, abriga o maior remanescente da floresta Atlântica estacional semidecidual, com um total de 185.262,5 ha. Além disso a paisagem humana também é relevante nesse parque, divido as infraestruturas que ele comporta, como hotel de luxo, heliportos, trilhas, restaurantes, lojas, entre outros relacionados ao turismo ecológico e de aventura.
Um mês após a visita ao parque, algumas atividades foram suspensas nele, pois segundo a empresa que administra o parque (Cataratas do Iguaçu S.A., em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) o Parque Nacional do Iguaçu registrou no dia 9 de junho a maior vazão d´água já vista, foi um dia histórico. O volume d´ água foi de 46 milhões de litros por segundo. A marca superou a vazão registrada no ano de 1983, quando atingiu 35 milhões de litros. A vazão normal é de 1, 5 milhão de litros por segundo. Assim a passarela em qual andamos estava intransitável e outras atividades tiveram que ser suspensas, devido ao risco, além disso a vazão do rio destruiu e levou parte da obra e máquinas da Usina do Baixo Iguaçu, usina essa que tem causado discussões a respeito de sua construção, pois o parque corre o risco de perder seu título (dado pela UNESCO), devido aos impactos ambientais que essa usina pode oferecer.

5     USINA HIDRELÉTRICA ITAIPU BINACIONAL

No sábado, dia 10, no período da manhã e na parte da tarde fomos a Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, localizada no rio Paraná na fronteira entre Brasil e Paraguai; durante a visita ao local assistimos ao vídeo de apresentação da usina, cujo conteúdo é a sua capacidade energética, a biodiversidade da fauna e flora e alguns projetos desenvolvidos pela mesma; realizamos a visita panorâmica e conhecemos alguns dos projetos desenvolvidos pela empresa, entre eles o Ecomuseu, relacionado a educação ambiental e o refúgio biológico de Bela Vista (1.920/ha), parte dos projetos de proteção a fauna e flora.

Usina Itaipu, vista panorâmica. Fonte: Noemi Carvalho

Na visita panorâmica podemos observar a grandiosidade da construção, um dos maiores empreendimentos de engenharia do mundo, na ocasião em que observamos a usina, as comportas do reservatório estavam fechadas, pois só abrem no período de cheia do rio que é de dezembro a fevereiro (período de chuvas intensas), mas devido as condições climáticas já citadas, o vertedouro foi aberto neste mês de junho.
No ecomuseu podemos conhecer mais sobre a história de construção da usina e sobre a região. O museu é dividido em módulos que retratam desde a ocupação da região da Usina até os projetos de conservação conduzidos pela Binacional. No local tem uma das maiores maquetes do país, são 76m² que representam a Bacia do Paraná.

        Maquete Bacia do Paraná. Fonte: Noemi Carvalho

O museu também tem uma área para exposições, onde estava exposto a exposição Lágrimas de São Pedro, do artista Vinicius S.A.

                              Exposição Lágrimas de São Pedro. Fonte: Noemi Carvalho

Com relação a construção da usina, Tesche, et al (?) coloca que,

[...]” o Brasil desenvolveu uma tecnologia própria de construção de grandes
barragens e incorporou ao setor elétrico uma usina que hoje responde por quase um quarto de todo o consumo nacional. Já o Paraguai passou a contar com a energia suficiente para seu abastecimento durante as próximas décadas, sem precisar fazer qualquer outro investimento no setor, além de ter um papel muito significativo no desenvolvimento de toda a região de fronteira”. (Tesche, et al, ?, p.1)

Ainda em conformidade com Tesche, é destaque nessa usina, o pagamento de royalties, (compensação financeira aos governos do Brasil e do Paraguai pela utilização do potencial hidrelétrico do rio Paraná), esse pagamento foi regulamentado após a Constituição de 1988, que determina sua redistribuição a estados, municípios e órgãos federais. Os critérios para a distribuição dos royalties no Brasil foram estabelecidos pelo Decreto Federal Número 1, de 11 de Janeiro de 1991, conhecido como Lei dos Royalties. A maior parte dos royalties fica no Paraná, sendo a metade para o governo do Estado e a outra metade para os 15 municípios paranaenses situados na área do reservatório da hidrelétrica. “Também têm direito aos royalties de Itaipu  a Agência Nacional de Energia Elétrica, o Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal, o Ministério de Ciência e Tecnologia, o Ministério de Minas e Energia e o Fundo nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”. (Tesche, et al, ?, p.1)
Em relação a geopolítica de construção da usina Andersen (2008 p.16) coloca que ela é uma construção ofensiva, pois, entre os seus mitos propósitos estavam [...]”(1) a disputa Brasil-Argentina pela hegemonia do continente sul-americano; (2) a inibição da industrialização no nordeste argentino pela redução do potencial hidrelétrico do rio Paraná à jusante da represa e; (3) o bloqueio à navegação argentina nos rios interiores da Bacia do Prata, com o inevitável impedimento do escoamento de produtos paraguaios pelo porto de Buenos Aires”, ou seja, nessa fronteira a construção da usina teve consequências geopolíticas (a usina além do já colocado por Andersen também é uma verdadeira bomba de água), econômicas, sociais e ambientais.
Entre esses desfechos da construção da usina está o profundo aumento da densidade demográfica nessa região de faixa de fronteira, até mesmo a irradiação brasileira na costa oeste paraguaia, realizada pelos popularmente conhecidos brasiguaios; ocorreu um imenso programa de desapropriação, pois parte da área inundada para formar o reservatório tinha proprietários (agricultores e comerciantes), trazendo implicações sociais; parte da fauna e flora foram submersos, submergindo até as Sete Quedas, que era um atrativo turístico na cidade de Guaíra PR; mas entre essas consequências (não tão boas) também destacamos as consequências econômicas desencadeadas pela usina, tanto na produção de energia (e 'suficiência' energética devido ao potencial hídrico) quanto na arrecadação de royalties que trouxeram profundas consequências ao país. Assim na visita á usina binacional podemos observar a paisagem da construção seu funcionamento e seus projetos, mas como Milton Santos disse, a paisagem também tem aspectos invisíveis, que necessitam de observações maiores e com aprofundamento teórico, então nesse trabalho podemos com o campo e a carga teórica que acumulamos relacionar o que vimos á um pouco de teoria, trazendo a tona aspectos da paisagem de parte do território brasileiro, parte essa conhecida como Tríplice Fronteira.
 Logo depois do almoço, nós conhecemos o refúgio biológico, que é um dos projetos mais antigos da hidrelétrica, uma unidade de proteção criada para receber milhares de plantas e animais das áreas onde foram alagadas. O passeio é feito uma parte em uma carretinha e a outra parte uma trilha a pé, sob instruções de dois guias que vão explicando todo o percurso. Um dos trabalhos da usina foi a operação Mymba Kuera, que em tupi guarani significa “pega bicho”, que ocorreu em 1982, quando ocorreu a formação do lago. Em 23 dias foram salvos 36 mil animais das diversas espécies.

Fonte: Noemi Carvalho

No local tem um zoológico com várias espécies, tem um do mais modernos hospitais veterinários do país, tem um local onde eles cuidam de vários animais e depois devolvem os animais para a natureza.

   
                                                       Fonte: Noemi Carvalho


6      PUERTO IGUAZÚ

A cidade de Puerto Iguazú está localizada na província de Missíones, nordeste da Argentina, com uma média de 80.000 habitantes. As Cataratas do Iguazú estão a aproximadamente 23 km, tornando o turismo a principal atividade econômica da região. O comércio se compõe essencialmente de hotéis, restaurantes, feiras ao ar livre e comidas típicas, com seus alfajores, vinhos, conservas, entre outros.
Chegamos à aduana argentina já no final da tarde de sábado, onde todos apresentaram os documentos para a entrada e pegamos um taxi para economizarmos tempo na caminhada, pois nosso tempo era curto. Estava tendo um encontro de motoqueiros, com palco, show com manobras, estava bem cheio. 

                   Puerto Iguazú, show com manobras. Fonte: Noemi Carvalho

Andamos pela feirinha tradicional da cidade, muitos compraram alfajores, doces tradicionais, vinhos e outras bebidas, azeites, azeitonas, entre outros.
A cidade é bem aconchegante, oferece uma infraestrutura legal, observamos que tem bastante pousadas e hotéis, e bastante restaurante e bares, cassinos e vários lojas que ficam abertas de noite também, até porque a vida noturna local é bem agitado. Achamos o preço bem elevado em muitos produtos, na parte gastronômica principalmente. A moeda lá é o peso argentino, e na conversão ele estava 1 peso para 3 reais, mas na prática por ser uma cidade turística eles jogam o preço lá em cima.

                    Fonte: Noemi Carvalho 

A turma parou em um barzinho pra tomar uma Quilmes e para aproveitarmos o momento.
Bom, retornamos de taxi para a aduana também, mas na volta eles estavam cobrando um pouco mais na corrida, apresentamos os documentos para dar baixa na nossa saída da Argentina e paramos no Duty Free.
O Duty Free Shop Argentina foi inaugurado em 2002, entre as aduanas do Brasil e da Argentina, por isso é uma região isenta de impostos. É uma loja de produtos importados que fica ao lado da aduana, lá encontramos diversos produtos como: perfumes, chocolates suíços, brinquedos, eletrônicos, óculos, relógios, bebidas, etc.  A loja estava lotada, por conta de uma liquidação, as filas estavam imensas, mas ainda assim, compramos algumas coisinhas, apesar de verificarmos que alguns preços são bem elevados.

Duty Free Shop. Fonte: www.adimaritur.com.br

Após o Duty Free retornamos ao hotel, e todos tiveram a noite livre. Domingo pela manhã pegamos a estrada e retornamos a Londrina, chegamos por volta das 19:00.


7      CONCLUSÃO


O trabalho de campo foi muito interessante e importante para nossa formação, foram três dias bem corrido, mas muito proveitoso. Essa área da fronteira é uma das mais importantes do país, e como fica no estado que vivemos, é essencial em nossa bagagem, assim como outras paisagens e outras formações.
Foi interessante entendermos todo o processo de formação dessa região, quais as causas e consequências que a construção da Usina tiveram no espaço, a ligação desses países. Observar a diferença de cada localidade, de cada cultura, hábitos, língua, moeda local, o comercio, o padrão de vida de cada local. Ao mesmo tempo, três cidades, uma em cada pais, com suas diferenças, conflitos, mas que ao mesmo tempo buscam o desenvolvimento e uma certa integração.


8      REFERÊNCIAS


ANDERSEN, Sigrid. Dificuldades da Gestão Ambiental em Áreas de Fronteira: Investigando a Origem dos Conflitos. Associação nacional de pós-graduação e pesquisa em ambiente e sociedade. 2008.

CARVALHO, M. S. Resumo: Violência na Fronteira – crianças, adolescentes e mulheres. 2p. mimeo. s/d.

CARVALHO, Noemi. Caderneta de Campo. 2014.

CATARATAS DO IGUAÇU S.A. Dia histórico nas cataratas do Iguaçu. 2014.Disponível em:http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/430-dia-historico-nas-cataratas-do-iguacu.aspx. Acesso em: 09/06/2014.


FERREIRA, Débora. Caderneta de Campo. 2014.

GOMES, Cristiane. Legislação ambiental do Mercosul e gestão de recursos hídricos na tríplice fronteira. Curitiba, 2008. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação Geografia – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

LIMA, Driely. Caderneta de Campo. 2014.

RABOSSI, Fernando. Árabes e muçulmanos em Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este: notas para uma re-interpretação. In: SEYFERTH, Giralda. et al.Mundos em movimentos: ensaios sobre migrações. Santa Maria: Ed. UFSM, 2007. p. 287 – 308.

RABOSSI, Fernando. Dimensões da espacialização das trocas – A propósito de mesiteros E sacoleiros em Ciudad Del Este. Revista do centro de educação e letras da Unioeste - Campus de Foz do Iguaçu. v. 6 p. 151-176 2004.

ROSEIRA, Antonio Marcos. Foz do Iguaçu: cidade, rede sul – americana; orientador: Wanderley Messias da Costa – São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós – Graduação em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

SANCHES, Adriana. Caderneta de Campo. 2014.




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